Uma opção de avaliação mediadora
RESUMO
Este
trabalho apresenta reflexões sobre a avaliação nos dias atuais embasado em
teóricos com vasta obra no assunto complementados por comentários dos próprios
alunos sobre a experiências com a ferramenta Avaliograma em sala de aula. Em
seguida é mostrado como o projeto se aprimorou desde 2009 e ainda como tem
contribuído cada vez mais para a melhoria do desempenho, da aprendizagem e do
interesse pelas atividades propostas.
Palavras-chave: Avaliograma,
tarefa, estratégias avaliativas, avaliação da aprendizagem e avaliação
formativa.
- INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta
os resultados de um Projeto de Avaliação desenvolvido nos componentes
curriculares de Ciências e Biologia em uma escola particular da cidade de
Araçatuba, SP o qual teve inicio a partir das seguintes problemáticas: como
melhorar o cumprimento de prazos das atividades propostas e criar uma maneira
que os alunos e seus responsáveis pudessem acompanhar mais efetivamente a vida
escolar de uma forma simples e precisa (HOUSE, 1978).
O ritmo cada vez mais
acelerado da produção de informações faz com que os estudantes sejam cada vez
mais exigentes no que se refere a diversos processos educativos e entre eles
está o processo avaliativo. Dessa forma, para que uma avaliação formativa seja
incorporada ao dia a dia da sala de aula de maneira efetiva e democrática não
basta que o professor faça o registro do desempenho do aluno apenas para si, é
essencial que ele mostre ao aluno como este está sendo avaliado durante um
determinado período (ALAVARSE, 2013). Foi neste contexto que surgiu a ideia de
se elaborar uma folha-controle que receberia as pontuações e menções de todas
as atividades, bem com os instrumentos de avaliação utilizados e as tarefas
passadas como dever de casa (RESENDE, 2008). Esta também poderia ser consultada
a qualquer momento pelo professor e pelo aluno. Mas não com o objetivo de
criticar e sim de investigar juntos e fazer uma reflexão acerca do processo de
avaliação na qual o aluno seja coautor de sua própria avaliação e possa, já que
conhecerá a forma que sua nota final será construída, intervir nela (ROBSON,
2011).
Com o resultado de cada
instrumento de avaliação disponível para a consulta, o aluno e o professor
poderiam se focar em uma determinada habilidade que apresentasse dificuldade e
tentar juntos melhora-la antes do “fechamento” da média (MORETO, 2002). Vale
ressaltar que é muito importante que haja variação dos instrumentos de
avaliação para que possam ser investigadas dificuldades e potencialidades nas
diferentes habilidades e competências que cada aluno pode apresentar e que o
processo de avaliação da aprendizagem não se concentre somente em uma única
atividade com questões objetiva, por exemplo (HADJI, 2001). Considerando os
postulados de Depresbiteres (2009) no Avaliograma dos últimos anos os
instrumentos foram diversificando: resolução de questões com alternativas,
relatório de pesquisa, comunicação oral de pesquisa, produção escrita,
exposição oral, prova operatória, leituras diversas, produções artísticas,
expressões musicais, etc
O Avaliograma também
tem o objetivo de se tornar uma ferramenta de trabalho mediadora e processual
que propicie uma análise individual e não comparativa, permitindo acompanhar
quanto cada aluno avançou através do tempo diante de suas possibilidades, comparando-o
somente consigo mesmo e não com outro aluno (HOFFMANN, 2001). Dessa forma, o
professor e o estudante podem rever caminhos para garantir o aprendizado. Além
disso, por ficar colado no caderno do discente ele pode a qualquer momento
consultar o desempenho alcançado em suas atividades no portfólio, saber onde
errou e tentar melhorar (CLARK, 2012).
De acordo com Gonçales (2011) o instrumento passou por vários
aperfeiçoamentos desde 2009 e a evolução completa e cronológica passo a passo
da ferramenta bem como dezenas de comentários de estudantes que foram avaliados
com ela podem ser encontrados na íntegra no endereço: http://ticiencias281.blogspot.com.br/2011/08/avaliogramamotivadortarefas.html
- OBJETIVOS
O objetivo deste
trabalho é apresentar a experiência dos alunos e do professor pesquisador após
meia década de uso do Avaliograma nas aulas de ciências e biologia.
- METODOLOGIA
Foi realizado um
diagnostico em toda a escola questionando os alunos sobre aas formas de
melhorar a aprendizagem e o cumprimento de prazos das atividades propostas.
Posteriormente, nas reuniões de pais, foi por meio de depoimentos espontâneos
que os responsáveis expressaram uma preocupação em que se criasse uma forma
para que eles pudessem acompanhar mais efetivamente a vida escolar dos filhos
de uma forma simples e precisa. Além disso, eles justificaram que poderiam
estar identificando o desempenho de seu filho (a) e intervir da maneira adequada.
Por isso, que a busca por um novo caminho se iniciou, pois considerando que o
aluno tem que ser avaliado.
Assim, foi criada a
folha-controle abaixo que recebeu dos próprios alunos o nome de “Avaliograma”
nesta passaram-se a ser lançados os prazos para as tarefas, os instrumentos de
avaliação, os critérios avaliativos e outras informações com o objetivo de
ajudar o aluno a se organizar e conhecer o processo de avaliação.
FIGURA 1. Folha-controle que recebeu dos próprios alunos o nome de “Avaliograma”, Araçatuba, SP, 2016.
Legenda
com o significado de cada campo apontado pelas letras de A a E:
A. Tarefa: A pontuação das
tarefas mostra o envolvimento do aluno durante toda a etapa, ele pode somar até
20 pontos. Porém, essa pontuação não entra no cálculo da média da etapa sendo
apenas um indicativo de sua participação efetiva e suporte para estudante e
professor decidirem juntos a média final.
B. Notas bônus: Para o aluno
ter mais de 3 instrumentos avaliativos e chance de melhorar suas notas, existem
atividades que podem ser dadas durante a etapa e valer nota. Assim ele pode
“trocar” uma nota baixa por uma nota bônus. Já o docente tem a liberdade de
incluir uma atividade extra sem romper
que foi combinado com o aluno no início do processo avaliativo. Cabe
ressaltar que este item destaca-se como o favorito dos alunos nessa metodologia
de avaliação.
C. [R/S]: Recuperação
(quando tira abaixo de 7,0) ou Substitutiva (quando falta). O aluno não pode
usar nenhuma de suas notas bônus antes de fazer a recuperação e nem para
recuperar tarefas.
D. Instrumentos
de avaliação: Cada letra grega representa um tipo que foi
utilizado durante a etapa. Na FIGURA 1 estão os instrumentos utilizados em 2012
no 8º ano do ensino fundamental na 2ª Etapa que compreendeu os meses de maio,
junho, julho e agosto, sendo eles: Delta – Resolução de questões com
alternativas, Ômega – Produção de artes visuais (cartaz e fôlder) e Psi –
Expressões musicais (jingle e paródia)
E.
Autoavaliação: Nos campos menores que antecedem a nota final
naquele instrumento apesar de haver sinal de soma é feita uma análise formativa
do processo. Por exemplo: se o aluno tira 7 e depois 9 no mesmo instrumento, é
feita uma análise global do desempenho do aluno na Etapa e só depois é dada a
nota.
Reconhecimento: Se o aluno
tirar tudo 10 nos instrumentos e receber a pontuação máxima em todas as tarefas
ele pode escolher o tema com o qual o seu Avaliograma vai ser elaborado. São mostrados alguns modelos abaixo:
- RESULTADOS
Entre 2009 e 2015 todos os alunos matriculados no período da manhã utilizaram
o Avaliograma e 40 deles foram selecionados para responder questões acerca das
vantagens e desvantagens do uso do Google Drive ao final de 5 anos. As
respostas da coordenadora pedagógica, da responsável pelo componente curricular
de Língua Portuguesa e de 10 deles estudantes encontram-se no Quadro 1 a
seguir:
Quadro 1 – Opinião sobre o uso do Avaliograma,
Araçatuba, SP, Brasil, 2009-2015.
Respondente
|
Sexo
|
Comentários
|
Coordenadora
Pedagógica
|
F
|
O Avaliograma facilita aos alunos e
pais acompanharem o processo avaliativo, colocando-os como responsáveis pelo
processo ensino-aprendizagem onde seus avanços e dificuldades são
considerados de maneira útil.
|
Professora de Língua
Portuguesa
|
F
|
Professor
gosta muito de caminhos e alternativas para nortear o seu trabalho e sua
prática em sala de aula. O Avaliograma é um desses caminhos. Inserir o aluno
nesse processo de modo efetivo, o faz mais responsável também. Sou testemunha
que esse trabalho dá bons resultados.
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Discente 1
|
F
|
Em minha
opinião o Avaliograma é uma ferramenta em que professor utiliza que nos
ajuda, a saber, a nossa nota; e os nomes das tarefas são nomes científicos
que também nos ajuda. O interessante é que cada vez mais o Avaliograma vai
evoluindo e facilitando os nossos estudos.
|
Discente 2
|
F
|
O Avaliograma, na minha opinião é uma
ferramenta ótima, por vários motivos, as tarefas que são tituladas com nomes
científicos ajudam-nos a guarda-los. As notas bônus são uma chance do aluno
aumentar sua nota, o que é perfeito. E, além disso, ele nos permite, a saber,
nossa nota. Além disso, ele vem evoluindo e assim facilitando a compreensão
do mesmo.
|
Discente 3
|
F
|
O Avaliograma é uma ótima ferramenta
de ensino, pois além de ajudar o aluno a memorizar nomes científicos ele
também o deixa ciente de suas notas, o que pode incentivar o mesmo a
melhorá-las. Já a nota bônus é uma segunda chance que o aluno tem de evoluir,
o mostrado que ele é capaz de conseguir uma nota melhor. Ao longo do tempo a
design dele tem ficado muito melhor, o deixando organizado, compreensível e
bonito.
|
Discente 4
|
F
|
O Avaliograma é uma forma pratica de
avaliação que o professor tem para o desempenho de cada aluno. E serve também
para que o aluno veja como esta seu desempenho ao decorrer do ano. Em minha
opinião as notas bônus servem para incentivar os alunos a fazer as atividades
extras para substituir as ruins.
|
Discente 5
|
M
|
O Avaliograma é um método que o
professor utiliza que nos deixa informado em relação as nossas notas, quanto
tirei nas avaliações e nas tarefas, onde preciso melhorar além de ter as
notas bônus (são atividades extras valendo nota) que é um meio de termos a
chance de trocar uma nota baixa por uma mais alta.
|
Discente 6
|
F
|
O Avaliograma é um excelente método
que facilita o trabalho a ser feito em ambas as partes; aluno e professor.
Essa maneira de nos avaliar acaba gerando em nós responsabilidade com as
nossas obrigações e organização. Penso que todos os professores deveriam
adotar esse método, pois é ótimo e realmente funciona.
|
Discente 7
|
M
|
O Avaliograma facilita o professor a
marcar notas e ao aluno, quanto a ver no que errou e no que precisa melhorar.
Também serve para marcar notas bônus para substituir por notas baixas e
marcar tarefas dadas na semana.
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Discente 8
|
F
|
Creio que, o Avaliograma é de longe,
a mais bem elaborada forma de controle de notas que já vi. Isso porque, os
alunos tem total acesso as suas notas, facilitando para que ele trace uma
"estratégia" para mantê-las ou melhorá-las. Tendo ainda, as notas
bônus. É uma ótima maneira para que o aluno repare seus "erros" com
o próprio esforço. Ele ainda traz aos alunos, a oportunidade de memorizar
nomes presentes ao longo das aulas. Ou seja, é uma única ideia que trouxe
diversos benefícios para a sala de aula.
|
Discente 9
|
M
|
Usar o Avaliograma é muito bom, pois
é uma maneira rápida e fácil de consultar o desempenho do aluno nas provas e
tarefas e saber no que ele deve melhorar, qual a nota mínima que ele deve
obter para passar de ano, etc. É uma ferramenta muito útil e, na minha
opinião, é a mais eficiente já colocada em funcionamento desde que entrei na
escola.
|
Discente 10
|
M
|
Em minha opinião o Avaliograma é
muito importante porque ele nos mostra as nossas notas e nos mostra onde
estamos mal. Ele aborda temas que já estudamos e nos ajuda a relembrar
informações passadas. E ele tem coisas boas como, por exemplo: nele tem as
notas bônus que substituem as notas ruins.
|
- ANÁLISE
E DISCUSSÕES
A coordenadora
pedagógica destacou que ele pode facilitar o acompanhamento do processo de
aquisição e conhecimento pelos pais e também podem ser valorizados os avanços e
dificuldades do estudante avaliado ao longo do período. Da mesma forma, os
discentes 1 2, 6, 7, 8 ainda apontaram
que essa metodologia também é facilitadora no que se refere à organização dos
estudos, às estratégias de trabalho do professor, à compreensão (por parte dos
alunos) dos processos avaliativos e ao trabalho global de todo um período.
Esses apontamentos estão em consonância com os postulados de Hoffmann (2001) e
Clark (2012) que destacam que os alunos precisam entender como estão sendo
avaliados e qual o percurso percorrido para ele ter recebido aquela média
final, conceito ou menção. Além disso, à medida que os alunos vão percebendo
quais as habilidades que eles têm maior dificuldades eles podem, como argumentou
o discente 8: traçar uma estratégia para intervir de maneira autônoma no
próprio desempenho, afinal conhecendo previamente o conteúdo a ser trabalhado,
os instrumentos a serem utilizados, os critérios que serão considerados e a
intenção docente o aluno pode, de fato, ser coautor de sua aprendizagem e
avaliação (HADJI, 1994).
A memorização de
palavras do conteúdo do componente curricular também foi um ponto muito
positivo na opinião dos discentes 2, 3 e 8, pois acabavam espontaneamente
criando o hábito de entrar em contato com ela e passaram as utilizar com maior
frequência. Por outro lado os discentes 2, 3 e 5 enfatizaram as chances que o
uso do Avaliograma pode garantir quando há o interesse do aluno em recuperar
uma nota baixa ou melhorar ainda mais uma nota alta (MORETO 2002).
A ludicidade por meio
da evolução do layout do Avaliograma foi reconhecida pelo discente 3 e
postulada por Gonçales (2011) como um fator que deixava os alunos mais
interessados em querer fazer parte.
- Conclusões
Diante dessa estratégia
de avaliar de maneira continua e lúdica, os alunos manifestaram sua plena
satisfação em todos os seus aspectos os quais destacaram: a modernidade do
instrumento, a aproximação docente-discente que ele proporciona, a
responsabilidade que ele gera, a confiança que o professor deposita no alunado,
a facilitação dos estudos, a segunda chance, o acompanhamento de desempenho e
muitos outros.
- REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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educacional: ensino e aprendizagem como objetos de avaliação para a igualdade
de resultados. Cadernos Cenpec, v.
3, p. 135-153, 2013.
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